terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Uma História de Tiago Guerreiro

Apresentamos a história que Tiago Guerreiro, antigo aluno da Escola Básica Integrada de Alcoutim, criou em 2005 para o Concurso literário infanto-juvenil "O Mar e a Viagem", promovido pela Direcção Regional de Educação do Algarve.

Prefácio
Mar. O que é o mar? É uma coisa que toda a gente se interroga o que ele será. Mar é uma coisa bela mas horrenda. Mata milhares mas cria milhões. É manso, mas mortífero também. Nele, as trevas fazem-se sentir e a vida revela-se aos olhos dos seus habitantes. Nele, há tanta cor como breu, há tanta luz como escuridão, é uma sem igual, sem ele não viveríamos, o mundo perderia a sua graça e a sua beleza. O mar é uma das coisas mais antigas que se conhece, ali a vida começou e, se acabar, recomeçará ali também. Serve de abrigo mas também de uma maneira de morrer, não a melhor mas também não a pior. É um dom, uma dádiva, aquilo que nos sustém, aquilo que caracteriza o nosso planeta, aquilo que ocupa 70% do nosso mundo, aquilo que se está a desaparecer sem dar-mos conta, aquilo que controi e destroi, aquilo... que é único, indispensável, contraditório, não devíamos o seu poder sem o seu valor. A vida existe graças a ele, devíamos ter mais cuidado com o que lhe fazemos, pois, se ele desaparecer, não volta mais. A única coisa que podemos fazer é preservá-lo e respeitá-lo.
Esta é a história de cinco mercenários da Rainha Elizabeth I, cuja nau se chama ”Pérola Vermelha”. Estes cinco mercenários são: Mcgregor, o capitão; Lohan, o sub-capitão; Montgomery, o intelectual e as gémeas Wilson, as ladra. Estes mercenários são lendários pelas coisas que fizeram, que passaram, que descobriram, que viveram. Apesar das suas divergências estão unidos pela amizade, coisa que já foi posta à prova muitas vezes, que, por muito que se use não se gasta. Foi a amizade e a confiança que salvaram os mercenários de todos os perigos que já passaram, mas nunca, nunca a amizade e a confiança foram postas à prova como no último desafio, o “Orgulho dos Mares”, uma nau espanhola.


Parte I - A história do Pérola Vermelha


John Mcgregor era filho de ingleses mas nasceu em Portugal. Não faz uma mínima ideia do seu passado. O seu pai morreu quando tinha cinco anos e a mãe aos vinte. Mcgregor foi educado e criado na escola naval lisboeta. O seu maior sonho era ser capitão de uma grandiosa nau, fazer-se ao mar e partir em busca de aventuras. Agora era um homem de quarenta anos, alto, de pele bronzeada pelas centenas de horas que passara debaixo do sol, tinha cabelos louros, olhos verdes e um corpo musculado, devido ao trabalho árduo.
Devido às suas boas relações com certas pessoas, era convidado para muitas festas e coisas do género. A próxima era à noite, num palácio junto à costa. Era altura de celebrar o regresso da viagem até à Índia. Vasco da Gama havia regressado, e havia trazido consigo um valorosíssimo tesouro. Mcgregor não queria perder isso, e, como se isso não bastasse, havia ainda um outro tesouro, mas desta vez intelectual.
Joseph Montgomery, intelectual inglês, for a com Vasco da Gama para documentar tudo o que via. Mcgregor não se podia atrasar nem queria. Mal chegou à festa, não pôde deixar de reparar quão bem vestidos vinham os convidados, mas ele não ficava atrás. Dirigiu-se a António Oliveira, o seu instrutor.
-         Ah, Mcgregor, está aqui. Apresento-lhe o infame vasco da Gama. – Disse Oliveira.
-         Muito prazer. – Disse Mcgregor.
-         O prazer é meu. – Respondeu Vasco da Gama.
-         Apresento-lhe também Joseph Montgomery.
-         Muito prazer. – Repetiu Mcgregor.
-         É raro ver um inglês civil por estes lados. – Comentou Montgomery, com um sorriso nos lábios. Era um homem alto, tinha olhos e cabelo castanhos, aparentemente quarentão.
-          Pois. – Concordou Mcgregor.
-          Bom, hora do discurso. – Disse Oliveira.
-          Sim. – Afirmou Montgomery.
Quando a sala estava silenciosa, Vasco da Gama começou a falar.
- Meus amigos, estamos aqui reunidos para celebrar o sucesso desta viagem. Aqui, reencontrei amigos que já não via há muito, mas também perdi alguns, no entanto, ganhei um, este grande intelectual inglês, Joseph Montgomery. – Houve uma salva de palmas- Nesta viagem descobri muitas coisas novas, muitas pessoas novas, sempre contemplando o mar, a cada dia que passava.  Não só trouxe um grande tesouro, como também novos conhecimentos, conhecimentos esses que vos serão passados pelo meu grande amigo, Montgomery.- Houve outra salva de palmas.
-                Obrigado, obrigado. Bom, como sabem há imensos animais e plantas espalhados pelo o mundo, muitos deles não se encontram aqui, em Portugal. Por isso, à medida que via um novo, registava-o logo aqui, no meu diário. - Mostrou-o – Anotei dezenas deles, por isso, só vou dizer os que são totalmente novos aos ouvidos dos Portugueses, e, consequentemente, aos olhos. – Dito isto, um guarda real abriu a porta violentamente. Parecia cansado e ferido.
-               Está alguém a roubar o tesouro, alguém que ajude. – E caiu morto. Gerou-se o pânico na sala. Havia mulheres aos gritos, vários homens tentavam chegar à porta, mas parecia impossível. Mcgregor não podia ficar ali a ver o tesouro a ser roubado, tinha que fazer alguma coisa. Foi até à saída. Pensou em sítios onde os ladrões poderiam estar. Apostou no celeiro, pois para levar um tesouro teriam de usar uma carroça. Quando se ia aproximou ouviu murmúrios. Aproximou-se ainda mais. Não eram Portugueses... ingleses. Diziam:
-                Despacha-te, demoras tanto tempo para quê? – era uma mulher.
-                Olha, isto é pesado. Porque é que não ajudas também? – agora foi um homem que falou.
-   Se usasses a cabeça como usas os músculos, então já estávamos quase a embarcar. - Agora foi outra mulher.
Então eram três. Teria de pedir ajuda, mas estava demasiado longe dela e, se fosse embora, eles poderiam escapar. Aproximou-se para ver melhor. O homem era corpulento, tinha olhos negros e cabelo castanho longo e também conseguiu reparar numa mulher. Era elegante, estrutura média, cabelos longos, macios, rebeldes e olhos castanhos. Mas a outra não a conseguia ver, só conseguia ver uma... ou não, aparecia demasiadas vezes para ser só uma, teriam de... ser gémeas.
- Mais rápido, homem. Que coisa. – Reclamou a primeira mulher.
-         Olha, minha grande... Não teria sido descoberta se tu não tivesses morto o guarda.
-         Calem-se vocês os dois. Parecem duas crianças a discutirem. Cresçam. - Implicou a terceira. E o outro, nunca mais vem. Raio de homem, só parla.
Eram quatro! Mcgregor não os conseguia enfrentar sozinho. 
No entanto, tinha um plano. Foi quando o quarto chegou.
-         Ah, finalmente. Estava a ver que não. Onde estiveste para demorar tanto tempo. – Inquiriu a segunda mulher.
-         Aquilo está uma confusão. Não foi boa ideia ter morto o guarda. – Contestou o último. Era Joseph Montgomery.
-         Foi a Emma. – Culpou o primeiro.
-         Não há tempo para coisinhas. Temos de nos pôr a andar antes que alguém nos descubra.
De súbito ouve-se um pau a partir-se.
-         O que foi isto? – Perguntou a segunda mulher.
-         Não tenhas medo, Liz; aqui a mana consegue aguentá-lo, seja ele quem for. - Auto elogiou-se Emma.
-         Ai coitada. – Atirou o primeiro.
-         Silêncio, acho que se está a aproximar. Estejam atentos. - Resmungou o segundo.
Vinda do nada, uma caixa de madeira voou em direcção do primeiro homem, projectando-o uns bons metros.
-         Erik – Gritou Liz.
-         Quem está aí. – Inquiriu Montgomery, em português.
Espantosamente, uma corda enrolou-se nos pés de Liz. O manipulador fê-la cair e arrastou-a para o escuro.
-         Liz. – Gritou Emma – Joseph, o que está a acontecer?
-         Não sei. Fica atenta.
Passaram-se longos segundos.
-         Emma, atenta. – Avisou Joseph. Ele pode atac... – Joseph não conseguiu acabar a frase, pois o nosso compatriota voltou a atacar. Balançando numa corda agarrou Joseph e, tirando proveito da velocidade, projectou-o contra a parede, entrando ambos no escuro. Emma soltou um grito histérico. A pessoa voltou do nada ainda balançando na corda. Deslargou-se e embateu em Emma.
-         Aí o cabranote apareceu, e é giro, olha lá. – Disse Emma, ironicamente, em português.
-         Obrigado, retribuiu o elogio. – Respondeu a pessoa, em inglês. Era Mcgregor.
-         Ai tu falas inglês? Podias ter dito logo. Mas, quer queiras, quer não, este tesouro vai chegar à rainha.
-         Vocês são mercenários? Da Rainha?
-         Isso mesmo, idiota. Pelos vistos és inglês, porque é que defendes este país?
-         Pensei que fossem simples piratas. Peço desculpa.
-         Acho bem.
-         John Mcgregor.
-         Emma Wilson. Podes ir buscar os meus amigos?
-         Sim, claro. – E foi. Voltaram os três um pouco atordoados.
-         Ei malta, este é John Mcgregor. São Liz Wilson, Erik Lohan e Joseph Montgomery.
-         Olá a todos. – Saudou Mcgregor.
-         Elizabeth, para si. – Rosnou Liz. Lohan limitou-se a um aceno de cabeça e Montgomery disse:
-         Nós já nos conhecemos.
-         Oiçam, sei que não agi bem, e peço desculpa por isso. Sei duma forma que podíamos sair deste país sem ninguém dar por isso. - Propôs Mcgregor.
-         Espera aí. “Podíamos”? Onde pensas que vais? – Inquiriu Liz.
-         Convosco, é claro. Com os meus conhecimentos e os vossos podemos tornar-nos os maiores mercenários que já alguma vez estiveram e vão estar ao serviço de Inglaterra. O que acham?
-         A mim parece-me bem. Mas, como vamos sair daqui? – Quis Lohan saber.
-         Podemos facilmente roubar uma nau. – Respondeu Mcgregor.
-         E tripulação? – Inquiriu Montgomery.
-         Arranja-se também. – Respondeu Mcgregor.
-         Bom, do que é que à espera. Vamos daí. – Disse Emma.
Subiram para a carroça, partindo para um futuro cheio de aventuras.

Parte II - O “Orgulho dos Mares”
Passaram anos e anos e anos desde que os mercenários do “Pérola Vermelha” se conheceram.
Atravessaram imensas e perigosas aventuras juntos. Tinham divergências, mas confiavam uns nos outros. De momento, nenhum deles havia mudado a sua personalidade, continuava tudo o mesmo. A sua próxima missão era assaltar e destruir uma nau espanhola, o “Orgulho dos Mares”. Avisaram-lhes que esta missão não será nada fácil, mas eles aceitaram. Fizeram-se ao mar o mais rápido possível.
Três meses mais tarde já estavam junto à costa portuguesa. Era vontade de Mcgregor parar um quanto tempo, só mesmo para ver certas pessoas.
Passados dois meses já estavam na costa ocidental de África, encurralados numa tempestade. Lohan berrava ordens aos marujos, as Wilson e Montgomery faziam o que podiam e Mcgregor tentava controlar a situação.
-         John, isto está uma confusão. Não acho que nos vamos safar desta. – tentou Emma fazer-se ouvir.
-          John, isto está mau. Boa parte dos marujos já foram ao mar e, sem marujos, não vamos lá. – Disse Lohan.
-         Amigo, vê lá se nos tiras daqui. A malta não aguenta tanto. – Implicou Liz.
-         John, acho que devias virar para oeste, seria mais seguro. – Sugeriu Montgomery.
-         Eu sei o que estou fazendo. Confiem em mim. Vou tirar-nos desta maldita tempestade. – Afirmou Mcgregor. Com os trovões, os gritos dos marujos e o som da água a embater na nau, duvida-se que as mensagens trocadas tenham sido inteiramente percebidas. Todas as esperanças estavam agora depositadas em Mcgregor.
Com muito esforço e esperança, saíram da tempestade e atracaram na costa africana. Precisavam de muita coisa: mantimentos, marujos e inclusive de informação. As gémeas foram perguntar à população local se tinham visto alguma nau. Montgomery fora ver se encontrava algo de novo. Lohan e Mcgregor foram tratar dos marujos. Surpreendentemente havia homens brancos que se pudessem arranjar para a tripulação de barcos. Lohan e Mcgregor trocavam opiniões.
-         Achas que devíamos levar brancos ou pretos? – Inquiriu Mcgregor.
-         Sinceramente, acho que devíamos levar pretos. – Disse Lohan.
-         Pretos?! Porquê?
-         Porque são mais fortes, mais resistentes.
-         E os brancos não são?
-         Não tanto.
-         Temos que pagar mais por eles. Os brancos são de borla.
-         Continuo a achar que os pretos são melhores. Se levarmos os brancos, mais lentamente chegaremos aos espanhóis.
-         Será que devo confiar em ti?
-         É igual para mim.
-         Estamos a falar de boas quantias em dinheiro, Erik.
-         Confia em mim, John. Os pretos são melhores.
-         Está bem. A um preço razoável conseguiu negociar uns quantos escravos, quando Montgomery surge, todo exaltado.
-         John, anda cá. Há ali uma coisa importante que tens de ver.
-         Está bem. Erik, acaba aqui isto. Depois vem ter connosco.
Lohan suspirou. Mcgregor acompanhou Montgomery até à praia onde estavam vários vendedores a tentarem vender os seus produtos engaiolados.
-         O que é isto? – Quis Mcgregor saber.
-         Isto, meu amigo, é cães africanos. Pequenos, amigáveis e sentidos apuradissímos. Ajudaria perfeitamente no negócio. – Respondeu Montgomery.
-         Não, obrigado. Para roubar já me chegam as gémeas.
-         A sério, John. Olha para eles. Tão bonitos, como se estivessem a pedir para tu os comparares.
-         Para quê, Joseph? Isso seria um desperdício de dinheiro. Além disso, as gémeas não iriam gostar de serem substituídas por meros cães.
-         Alguém falou nas gémeas? – Disseram estas, em unissímo.
-         Aqui o capitão estava a dizer que as meninas não iriam gostar de serem substituídas por meros cães. – Disse Montgomery.
-         O quê? Estes cães? São tão fofinhos. – Elogiou Emma.
-         Sim. Porque é que não compras uns três ou quatro? – Sugeriu Liz – Iria fazer bem ao negócio.
-         John, imagina que acontece alguma coisa às gémeas, ou simplesmente não estão disponíveis. Estes cães são os melhores substitutos que elas podem ter.
-         Pois, isso é verdade. – Apoiaram as gémeas, em unissímo.
-         Isso acabaria com o nosso dinheiro. – Contestou Mcgregor – se quisermos comprar mantimentos ou coisas assim, não podemos. O sucesso desta viagem pode mesmo depender disso, sabiam?
-         Já alguma vez te falhei? – Inquiriu Montgomery.
-         Não. – Admitiu Mcgregor.
-         Então confia em mim. Estes cães são um bom investimento.
-         Pronto, está bem. Levamos quatro. – Mcgregor ficou a negociar enquanto os outros se encontravam na praia.
-         Então meninas, o que descobriram? – Quis Lohan saber.
-         Bom, sabemos que os estupores estiveram aqui há uma semana. – Começou Liz.
-         Não sei como, eles sabem que estão atracados mais a sul, perto do cabo da Boa Esperança.
-         Então não temos tempo a perder. – Disse Mcgregor, que vinha a caminhado com certa pressa. Carregava duas gaiolas em cada mão.
Não se demoraram muito tempo a embarcar, pois não podiam perder esta oportunidade.
Ainda perseguiram os espanhóis durante algumas semanas, mas tiveram a sua oportunidade. Estavam agora na costa oriental de África, paralelamente a Madáscar. Ambas as naus atracaram em África. Durante o caminho todo haviam planeado um saqueamento perfeito. Era a oportunidade perfeita para o por em prática. As Wilson “puseram-se à maneira”, Montgomery e Lohan foram preparar os cães e Mcgregor ficara a escrever a carta à rainha, anunciando o sucesso.
Liz e Emma foram ao bar local. Obviamente estava cheio de homens e as atenções dirigiram-se imediatamente para as duas irmãs, estas reagiram surpreendentemente bem.
Foram direitinhas ao capitão d’Orgulho dos Mares. O homem era horrível. Cabeludo, gordo, desdentado, baixo mas tinha uma coisa boa.... falava o inglês mais básico, o que era bom. Não gastaram muito tempo para  “engatar” o homem.
Uma hora depois estavam os três na mesma cama. Enquanto Emma tentava entreter o homem, Liz saiu coma desculpa que tinha de apanhar ar. Todas as esperanças estavam agora depositadas nelas, não poderiam falhar. Liz dirigia-se agora para a câmara onde o tesouro estava escondido, não ficou surpreendida ao ver os cães africanos ao pé do monte de moedas de ouro, ficou surpreendida foi por ver que estavam a meter as moedas em sacos. O raio dos cães eram mais espertos do que ela pensava. De súbito ouve madeira a ranger. Tira o facalhão do cinto e aproxima-se da entrada, assim como quem quer se estivesse a aproximar. Estava perto... estendeu o facalhão, mas o golpe foi desviado. Liz preparava-se para atacar quando reparou quem era a pessoa.
-         Emma? Que fazes aqui?
-         Estava farta de ouvir o raio do homem: “Tu ser linda”, “nunca estar com mulher como tu”, “Querer casar comigo?”. Dei-lhe uma pancada na cabeça, ficou a dormir.
-         És maluca? Agora vamos ser descobertas.
-         Maluca? Eu? Então e tu, com esse facalhão de meter medo ao susto.
-         Não interessa. Temos que nos despachar. Eles estão quase a vir.
-         Eu vou já tratar da pólvora. Tu prepara-te para sairmos desta nojeira espanhola.
Foi cada uma fazer o seu dever. Emma foi tratar da pólvora e quando voltou; Liz e os cães estavam prontos para partir. Subiram as escadas. Foram até ao convés e repararam que estava deserto. Segundos depois marujos espanhóis invadiram-no encurralando as irmãs. A voz do capitão elevava-se acima das outras.
-         Vocês ser meninos muito maus. – Criticava ele.
-         Não me digas. – Atirou Emma.
-         Eu, minha cabrinha de curral, aleijar. Não fazer isso mais vez nenhuma.
-         Não te preocupes, nunca mais nos vais ver. – Disse Liz.
Dito isto, cada uma agarrou num cão (os outros dois tinham morrido) e saltou borda fora. Mesmo a meio do salto, a nau explode. Ninguém da tripulação d’Orgulho dos Mares sobreviveu. Liz e Emma serviram-se das tábuas do inexistente Orgulho dos Mares como um tipo de bóias.
O Pérola Vermelha não se demorou muito a vir.
-         Ah, estava a ver que não. – Disse Liz.
-         Porque demoraram tanto? – Perguntou Emma.
-         O John ficou a celebrar a vitória. Embebedou-se. – Respondeu Erik. – E a água, está boa?
-         Cala-te e vem aqui buscar-nos. – Berrou Liz.
-         Está bem, mulher, estou indo, acalma-te. – E desceu.
Quando as duas mulheres pisaram o convés do Pérola Vermelha foram saudadas por toda a gente. Ambas receberam um forte beijo de Montgomery.  
-         Vamos festejar. – Sugeriu Mcgregor.
-         Outra vez? – Disse Lohan.
Toda a gente se riu. Levaram-se a noite toda a festejar. Os laços de amizade ficaram agora mais fortes.
Passados alguns anos Liz e John dão o nó e Emma e Erik decidem fazer o mesmo, no mesmo dia. Joseph foi padrinho de ambos os casamentos. Com casamentos, vieram os filhos. Mas, nem os filhos foram factor demasiado importante para os fazer desistir daquela vida. Foi, é e será para sempre a vida deles. O que eles gostavam mesmo era de estar no mar, livres como gaivotas (de certa forma).
Poucas décadas mais tarde, Adam e Marie Mcgregor, Roger e Alice Lohan e Richard Montgomery faziam-se ao mar para continuarem a lenda que começara há anos atrás. Lenda, cujos protagonistas são John Mcgregor, Erik Lohan, Joseph Montgomery, Emma e Liz Wilson com a nau “ Pérola Vermelha”.
Nunca mais, na história da Humanidade, houveram mercenários tão eficientes e fiéis como os atrás referidos.

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